Qualquer pastor/a é suscetível de entrar em crise no nosso tempo. A TV nos deixa espantados com todos aqueles milagres que passam ali e sabemos que o nosso povo está em massa assistindo a esses lideres virtuais. Um dia alguém me ligou esbaforido me avisando que tal pastor pediu para os membros avisarem seus líderes para ligar a tv para um recado importante. Virou meu líder por tabela! Vivemos num mundo em que a religião virou entretenimento com algumas pausas para comerciais morais. Sem falar naqueles milhões gastos para se manter em evidência.
A TV é uma fábrica de ilusões, e não é diferente quanto aos programas cristãos. Ninguém escapa, pois até a religião oficial do Brasil está imitando os grupos mais animadinhos para se manter em evidência e segurar a platéia! A crise é também da fé globalizada. Não digo que seja mentira muitas coisas que ali são mostradas, pois acredito no poder de Deus. A questão é a comparação feita a nós. Um Pastor ou Pastora bem resolvido sabe separar bem as coisas para não viver uma crise.
Aqueles homens da TV e mesmo aqueles que passam pelas nossas igrejas de vez em quando, são como caubóis: passam, dão seus tiros de exibição e vão embora. Não é para eles que os membros ligam as 3 da madrugada em crise conjugal. Não são eles que resolvem as picuinhas do dia a dia. Comer sal com a turma, como dizem os antigos, envolve vocação. Conheço pessoas muito famosas no meio cristão em cujas igrejas de origem são inexpressivas. Por quê tal carisma só funciona fora dali? Muitos deles já risquei da minha lista de networking. Faço eu mesmo o trabalho ou convido meus companheiros identificados não só pelo mesmo ideal teológico mas também devidamente em ordem na instituição.
Admiro mesmo esses homens e mulheres normais, aqueles cujo milagre é ficar anos a fio numa mesma congregação, edificando o povo com sua palavra e caráter. Eugene Peterson, um conselheiro à distância, escritor e pastor por 30 anos numa mesma congregação muito nos anima quando diz: propagandistas estão por aí mentindo para nós a respeito de como as congregações são e devem ser. Eles estão mentindo por dinheiro. Querem nos deixar descontentes com o que estamos fazendo a fim de que compremos deles uma solução que, prometem, irá restaurar a energia de nossas congregações... Todas as vezes que um pastor/a abandona uma congregação devido ao tédio, à raiva ou à inquietação, a vocação pastoral de todos nós é enfraquecida. Cuidado com os espetáculos, pois, como nos programas de tv, pode ser em grande parte ilusão. Se você pautar seu ministério pelo teatro que estão fazendo ou que muitos fazem, seu ministério realmente será um fracasso.
Como Peterson nos disse, tais mensagem que chegam até nós e aos nossos irmãos da igreja e dão a entender que não somos mesmo pessoas de sucesso. Creio então que devemos medir nossa vocação pela seriedade e paz com Deus, sem nos dirigirmos às comparações. Entender que cada um tem um ministério especifico e que a diversidade faz parte do Corpo. Ser um Pastor ou Pastora normal é ter bem claro o chamado, ter um bom plano de ação pessoal e jamais se enredar pelas comparações nem se deixar abater por elas. Então declaro minha solidariedade e apreço a todos os meus irmãos e irmãs, normais, companheiros de vocação. Nosso trabalho já foi aceito pelo Pai, que a tudo vê e conhece. Não julguemos nem nos dediquemos a discussões que não colaboram para o crescimento do Reino; mas também não nos sintamos inferiores por nada.
Shalom.
Rev.Fábio Alcântara, Igreja Metodista em Guarapuava, PR
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